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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

É primavera

Há uma história bastante difundida no meio publicitário mais ou menos assim...

Certa manhã um ceguinho estava parado em pé, na praça de uma pequena cidade. Ele tinha uma caneca na mão e no pescoço a seguinte placa:

“Preciso de ajuda sou cego”.

Uma pessoa entre tantas que circulavam apressadas, sem tempo ou vontade de deixar uma moedinha que fosse, se deteve por um instante e pediu licença para mudar algumas palavrinhas da placa. Depois da alteração, o barulho das inúmeras moedas na caneca chamou a atenção do pedinte. Horas mais tarde, alegre com a ajuda das pessoas o protagonista da história reconhece a firmeza dos passos daquele desconhecido e o identifica através do suave perfume...

-Por favor foi você que mudou algo na minha placa não foi?
-Sim, mudei apenas umas palavrinhas.
-Então conta o que está escrito agora?

Calmamente o publicitário leu a nova mensagem pendurada no pescoço do companheiro de pele ressecada pelo sol, óculos bem escuros e cabelos branquinhos, transformados pela ação dos anos:

“É primavera mas eu não posso vê-la"

A Lenda da Rosa


A Lenda da Rosa

Dizem que quando a Terra
Passou a ser habitação de forças vivas
Nas telas primitivas, tudo era agitação e festa.
As cidades nasciam em singelas aldeias na floresta.
A beleza imperava, o verde resplendia.
A vegetação se espalhava e crescia
Dando refúgio aos animais
Do mais simples ao mais forte.
O progresso alcançava as marcas de alto porte.
No campo as plantas todas, respiravam felizes.
Da folhagem ao vento a calma das raízes.
Era um mundo de esplendores, adornado de flores...

Com uma estranha exceção:
Tão somente o espinheiro era triste e sozinho
Uma espécie de monstro no caminho
De quem ninguém se aproximava
Todo feito de pontas agressivas
Recordando punhais de traiçoeiros corte
Que anunciavam dor e feridas de morte.
De tanto, tanto padecer
Tristeza, desespero e solidão
Um dia o espinheiral fitou o céu azul imenso e disse em oração:
-Senhor que fiz de mau para merecer ser espancado, esquecido? Todos
me
evitam cautelosamente como se eu não devesse haver nascido.
Compadece-te o Pai da penúria que trago.Terei culpa das garras que me
deste? Ora! Acendes astros mil para a noite celeste. Vestes a
madrugada em mantilha vermelha, concedes lã as ovelhas, inteligência
aos cães, cântico as aves. Estendeste no chão a bondade das fontes
que deslizam suaves.
Não me abandones o Pai as pedras do caminho, se posso não quero
oferecer apenas espinhos, anseio a ser perfume, cor, harmonia,
beleza, para falar de Ti todos os dias através das Leis da Natureza.

Dizem que Deus ouviu a inesperada prece do espinheiral e ordenou que
o
orvalho lhe trouxesse um prodígio imortal.
Na seguinte manhã, logo após a alvorada, por entre exalações
maravilhosas o homem descobre de alma encantada, que Deus para
mostrar-se o Pai bondoso amigo e companheiro, atendendo a sincera
oração pusera no pobre espinheiro, a primeira de todas as rosas.

Poema: Maria Dolores. Adaptação e interpretação: Helen Francine

Certa Borboleta


Depois do inverno interior vem a primavera.

Com ela uma infinidade de cores, perfumes, flores.

Neste ano sinto tudo diferente, como se uma capa escura bloqueasse minha visão.

De repente, nesta manhã de segunda-feira, vejo uma borboleta dizer:

-Aceite o tempo de ser casulo. Olha, a vida é como rio que flui. Por mais que a gente tente parar o fluxo para ordenar a bagunça, a vida segue o próprio ritmo.

Agora entendo a falta de nitidez. A sensação de estar oprimida, sem saber por quem.

Compreendo que nenhuma transformação é fácil e agradeço a "casca" que me envolve.

Sei que no momento certo, nem antes, nem depois, eu baterei asas. Elas serão mais coloridas e leves e do tamanho ideal de meus sonhos.

Permanecer na mesma situação pode trazer certa segurança e acomodação.

Mesmo a lagarta mais feliz entre todas as lagartas precisa seguir sabendo que seu destino é ser borboleta. Por mais lindo que seja o mundo das lagartas. Crescer só é possivel com profunda mudança.

Reencontrando uma Borboleta


Depois de solitário e rigoroso inverno, dentro de mim,
de repente um sino toca.
Desperta um monte de sonhos adormecidos.
Numa manhã reflito o que a encarnada e luminosa borboleta disse:

- Aceite o momento de ser casulo.
Lembre que a vida deve fluir feito rio de águas cristalinas.
Mesmo que a gente tente parar o fluxo para ordenar tudo, nada pára.
Todavia, está tudo certo!!!

Hoje entendi que muitas vezes estarei no casulo,
para moldar novas asas azuis.
No dia mais claro e principalmente no mais escuro ouvirei a borboleta Ro
sorrindo falar:

-Está tudo certo!!!